Mãe em Israel

Sempre me sensibilizou a mensagem do apóstolo Paulo, na forma de saudação a um amado irmão da Igreja de Roma, Rufo. Quando o apóstolo o saúda diz: “…e saudai sua mãe, que tem sido mãe também para mim” (Romanos 16:13). E entendo que essa mulher incógnita, cuja honra na Causa do Reino de Deus foi servir como mãe a um vaso escolhido por Deus, cerra fileira com Débora que se entendia uma “mãe em Israel”.

A mãe de Rufo não teria sido o que comumente chamamos de mãe espiritual quando carinhosamente nos referimos a alguma mulher que nos tenha gerado no evangelho. Não. Antes penso que ela cuidou, serviu, tratou o apóstolo em cada oportunidade que teve, como o fazia ao seu filho Rufo. Paulo recebeu dessa mulher maternagem, que reconheceu e legitimou em sua saudação. Ela ficou inscrita por conta desse apodo, na memória da Igreja de Cristo.

Penso que posso legitimamente emparelhar com essa mãe sem nome, conhecida apenas como a mãe de Rufo, a minha própria mãe Nézia. Nézia Alho. Sei que não devo posicioná-la como mãe em Israel na altura de uma Débora guerreira. Não. Esse não foi seu perfil. Foi de forma quase incógnita, que serviu como mãe dentro do ministério para o qual Deus me chamou, e o fez como mãe, de fato. Ela pode ser pareada à mãe de Rufo, acompanhando e sofrendo junto as agruras e se regozijando nas venturas da fé. Foi mãe na igreja. Quando me viu um jovem crente, posicionou-se como mãe do jovem crente. Quando me viu seminarista, posicionou-se como mãe do seminarista. Quando me viu pastor, posicionou-se como mãe do pastor. 

Lembro de quantos e tantos, desde o princípio de minha formação cristã, irmãos e amigos que afluiam à minha casa para orar ou comungar as bênçãos mais da Graça, a quem ela acolhia prazeirosa e servia como mãe. Foi assim que acolheu meus colegas de seminário e vida afora aos que já trilhavam comigo o ministério da Palavra. Cada igreja que pastoreei e cada grupo de irmãos a quem tenho o privilégio ainda hoje de servir, tiveram nela uma mãe em Israel, na mesma medida em que foi mãe para mim.  

Agora que me despeço dela, tomada pelo Senhor às vésperas de seus 84 anos muito bem vividos, eu vejo nela o ministério da mãe de Rufo. Minha mãe foi mãe na e para a Igreja de Cristo.  

Eu a saúdo como mãe em Israel. Foi mãe para além do filho que gerou. E estarei sempre retendo em minha grata memória a lembrança bendita desse silencioso ministério que ela jamais deixou de exercer.  

Louvo ao Senhor da minha vida, com gratidão profunda por todos os anos de dedicação e companheirismo desse ministério de Nézia Alho, minha mãe de quem posso dizer como foi dito de Daví: “Serviu ao propósito de Deus em sua geração” (Atos 13:36). 

1411

Deus Aliado

“Que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?
Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós, como nos não dará também com ele todas as coisas?
Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica.
Quem é que condena? Pois é Cristo quem morreu, ou antes quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós.
Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada?
Como está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte todo o dia; Somos reputados como ovelhas para o matadouro.
Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou.
Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, Nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor”. – Romanos 8:31-39.

Ouvimos que foi dito: “Este é o sangue da nova aliança”… E celebramos porque entendemos que por essa aliança estamos salvos. Contudo, ainda nos resta entender quanto mais a aliança prometida significa para nós. Nos seus desdobramentos somamos à vida eterna garantida, a paternidade em Deus; consequentemente nossa filiação a Ele por causa do sangue da aliança; e ainda lembramos que temos promessas de socorro, assistência na Graça e tanto mais.

Aliança fala mais do que ganhos e vantagens.
Aliança fala de comprometimento, pertencimento total e incondicional.
Aliança fala dessas implicações reveladas pelo apóstolo neste texto.
Fala que temos na Pessoa de nosso Deus e Pai, nosso criador, um aliado, pessoal e chegado.

Paulo começa tudo levantando uma máxima e uma questão que põem a aliança e suas implicações em foco.
Vamos a elas:

1- DEUS É POR NÓS.
Ele desvenda diante de nós o significado disso nos termos da aliança.
V.32 – Entregou Seu Filho por nós
V.33 – Age como o Juiz que nos protege
V.34 – Colocou Cristo como Intercessor Vivo perante Ele a nosso favor

E então levanta a questão:

2- QUEM SERÁ CONTRA NÓS?
Como se dissesse: Face a tamanho envolvimento, quem se atreveria a ser contra nós?
Restou alguma possibilidade para alguém?
Não. A começar pelo fato de que ele afirma que Deus está junto. Tão junto que cabe a pergunta: Quem nos separará Dele ou o que nos separará Dele? (v.36).

Então trabalha com as circunstâncias existenciais:
Diz não para as possibilidades do mundo visível: “tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada”.
Assume que são situações que engendram a morte.
O que ele pretende não é afirmar que tais coisas não nos sucederão por conta da aliança. Antes, aponta ao fato de que em ocorrendo, Ele estará mais junto, mais próximo, como o ajudador, Aquele que atravessa o vale junto. Aquilo que nos garantiu através de Isaías (43: 1 e 2) e prometeu através do salmista que estaria conosco na angústia e na travessia pelo vale da sombra da morte. Por isso a afirmação segura: “Em todas estas coisas somos mais que vencedores”. É nelas. Através delas. Conhecemos assim o significado da Palavra que diz: “Da fraqueza tiraram forças”.

Porque na Aliança, experimentá-las nos ensina a verdadeira conquista. Mais que vencedores, significa conquistadores.

Então trabalha com as hipóteses e as circunstâncias transcendentais: “nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura”.

Elas também podem engendrar a morte. Mas o que o apóstolo nos informa é que ele entende que o amor que O move na Aliança vai aproximá-Lo ainda mais. Nada disso, começando pela morte, e incluindo nossas andanças na vida, teofanias, demônios, cotidiano, sonhos, êxtases, depressões ou terceiros, nada vai poder afastá-Lo de nós por conta de uma aliança costurada por Seu amor por nós através de Cristo, que intercedeu dizendo: “Que o amor com que me amaste esteja neles”. Aleluia!

Deus disse certa vez, que por ter firmado uma aliança com Daví, nunca faltaria a ele. A Aliança que Ele estabeleceu conosco, é maior do que a que fez com Daví. Porque foi firmada com o sangue de Seu Filho, é mais que histórica como foi com Daví. É eterna, vai continuar, mesmo depois que a história acabar.