“Não terá medo da calamidade repentina nem da ruína que atinge os ímpios”. – Provérbios 3:25
Será que o texto pretende o que sempre desejamos? Que jamais vejamos a calamidade? A calamidade repentina só atinge os ímpios ou a ruína que se segue a ela é que os atinge e a nós? De que nos fala o texto?
Poderemos levar nossa fé com seriedade ou superficialidade de pretensão mágica. Vamos ver o que a Bíblia nos ensina. Não haveria calamidade ou não haveria medo dela? O que nos é proposto aqui?
Quero chamar sua atenção para dois paralelos textuais: Salmo 91:15 e Salmo 50: 15. – “Ele me invocará, e eu lhe responderei; na sua angústia eu estarei com ele, livrá-lo-ei e o glorificarei” (ARA) – “invoca-me no dia da angústia; eu te livrarei, e tu me glorificarás” (ARA).
Fé e Resistência
O que os dois têm em comum? Promessa de livramento.
Destaco o fato de que o verso 15 do salmo 91 faz um fechamento a um contexto de promessas que parecem pretender um escapismo. E isso é tudo quanto queremos: escape. É tudo a que queremos conduzir nossa fé e a que nos seduzem os pregoeiros de uma fé sem lastro.
Mas Deus a ninguém engana. Sabemos que Ele tem poder para nos fazer escapar. E sabemos que algumas promessas apontam nessa direção. Tanto que desconhecemos de quantas coisas somos livrados no mundo espiritual, conforme afirmam Lamentações 3:22 – “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim“, e Isaías 64:4 – “Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu Deus além de ti, que trabalha para aquele que nele espera.”
Mas os textos que lemos, de Provérbios e dos Salmos, nos apontam a direção natural da vida neste mundo tenebroso, por onde o Autor da fé nos conduz. Jesus afirmou que teríamos aflições neste mundo. Outro tanto o apóstolo Paulo diz que uma vez ocupando espaço dentro de um mundo natural que está decaído, “…também nós, que temos as primícias do Espírito, igualmente gememos em nosso íntimo, aguardando a adoção de filhos, a redenção do nosso corpo.” – Romanos 8:23 ARA.
Fé e Enfrentamento
Não podemos nos servir de uma fé que nos propõe uma experiência de avestruz, fazendo negação da realidade, com a pretensão de sermos tratados por Deus como queremos tratar nossos próprios filhos: negando- lhes crescimento e superação, protecionistas em excesso. Mas a fé nos foi dada para nos fazer crescer e superar. Vencer e transformar. Não para escapar. Não somos chamados a viver refugiados como covardes, mas lutadores que vencem, superam.
Por isso é importante destacar aqui Isaías 43:2. Ele concorda com a experiência de Paulo relatada em II Coríntios 12:9.
Queremos uma vida de fé que nos garante não passar pelas águas, nem pelos rios nem pelo fogo. Mas a proposta divina é: “ Uma vez lá, eu estarei com você. Quando tiver que lhe dar escape, será através de…”. Por isso em Isaías Ele precede a promessa, ordenando: “Não temas…” Sem o enfrentamento não ocorre o crescimento de vivê-Lo como o Emanuel.
Fé e Conquista
A experiência dos homens e mulheres de fé corre nessa direção nos registros bíblicos: Hebreus 11:35; Romanos 8: 35- 39, que corrobora 8:28.
Deus, nosso amoroso e poderoso Pai nos afirma: “Não fiquem ansiosos…a paz de Deus guardará mente e coração” – Filipenses 4:6.
E tudo isso para mostrar a que nos chamou na fé em Cristo: II Timóteo 1:7.
Jesus, que é a origem de nossa fé, também é seu consumador. Ele é o Primeiro e o Último.
Daí, a conclusão só poder ser: A calamidade pode vir, sim. Ela nos acomete também, mas nunca a ruína que geralmente a ela sucede. É o que aprendemos em II Coríntios 4: 8 e 9. Calamidade sem destruição.
Porque Deus nos chamou para sermos “mais que vencedores”. Conquistadores, e não covardes que se escondem dos desafios da aventura de viver. Não somos privilegiados neste mundo. Somos assistidos e guardados nEle, como quem descansa à sombra do Onipotente. A promessa diz: “Em Deus faremos proezas”; “Enfrentaremos exércitos”. É isso. Enfrentar e vencer. Viver e transformar. Para isso Ele nos desafia a crer.