Semeiem a retidão para si, colham o fruto da lealdade e façam sulcos no seu solo não arado; pois é hora de buscar o Senhor, até que ele venha e faça chover justiça sobre vocês. Mas vocês plantaram a impiedade, colheram o mal e comeram o fruto do engano…” – Oseias 10: 12-13.
Sempre achei por demais significativa a alegoria criada por Paulo em Gálatas 6:7, trabalhando com a ideia de causa e efeito, ali exposta na forma de semear e segar. E mais me chama a atenção o fato dela trazer uma advertência agregada: “de Deus não se zomba”, como se para enfatizar a assertiva como sendo uma lei irreversível sobre a qual se debruçam a justiça e a honra de Deus.
Todos os nossos movimentos na vida, sem exceção de um sequer, redundam nesse binômio de viés cartesiano: semear e segar. Do momento em que despertamos no dia, até cessarem nossas atividades e pensamentos, esse exercício está em plena funcionalidade. Até mesmo no ócio, cumprimos a lei de causa e efeito. Das coisas que perpetramos a nosso favor, ao que produzimos em favor de outros, a lei inexorável do semear e colher está em ação. É tal que nela não cabem justificativas nem desculpas que amenizem seus efeitos. Lamento por aqueles que dela não se apercebem, e ainda dos que pretendem que por sermos filhos da graça, estamos livres dos efeitos de sua mecânica. Eis por que, aconselhando quanto a semear bens, Paulo dilata a alegoria, trabalhando com outra assertiva lógica, dizendo que colheremos na proporção de nossa sementeira: se semearmos pouco, pouco colheremos. Se semearmos muito, segaremos muito. Importante ressaltar que, conquanto o apóstolo no texto de II Coríntios 9:6 aluda a dinheiro, a lei do semear e segar vale para todo e qualquer tipo de semente.
Por conta disto, a Palavra de Deus exorta conosco com advertências sábias, como vistas em Oséias , no texto acima, ao qual acrescentamos ainda Oseias 8:7 e Jó 4:8, respectivamente: “Porque semeiam ventos e segarão tormentas;…”; “Segundo eu tenho visto, os que lavram a iniquidade e semeiam o mal, isso mesmo eles segam.” Jó 4:8.
Posto isto, e imbuídos do temor que a Palavra de Deus produz nos sábios que creem, convém reflexionar: Quais sementes devo priorizar como cristão para abençoar e ser abençoado?
O Senhor Jesus começou Seus ensinos nos mostrando as sementes que trazemos conosco, por obra do Seu Espírito, e que fazemos bem em cuidar de lançá-las em nossa caminhada na vida, em todos os seus âmbitos e interrelacionamentos. Vamos a elas:
Mateus 5: 3-9 : “Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. Bem- aventurados os mansos, porque herdarão a terra. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos. Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus. Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus.”
1- Sementes de humildade. | A colheita: O Reino dos céus |
2- Sementes de lágrimas. | A colheita: Consolação |
3- Sementes de mansidão. | A colheita: Conquista de espaço, liberdade |
4- Sementes de fome e sede de justiça | A colheita: Saciedade, plenitude. |
5- Sementes de misericórdia | A colheita: Misericórdia |
6- Sementes de santificação | A colheita: Ver a Deus, comunhão com |
7- Sementes de Paz | A colheita: Identificação com Deus. |
Se você atentar bem, elas obedecem a uma espécie de ordem, onde uma favorece o exercício da outra, cumprindo uma interdependência. A humildade implica em arrependimento, reconhecer-se pecador; o efeito inevitável é lágrimas do despojamento que esse “descer” de si mesmo causa. Abre-se espaço para uma nova forma de ser e reagir ante os desafios da vida: mansidão. E aqui a identificação com o Senhor Jesus começa a alçar vôo (“Aprendam de mim, que sou manso e humilde de coração”). A vida agora quer alimentar-se de outros insumos: justiça, retidão. Inevitavelmente a misericórdia se torna a nova ferramenta nesse processo. Uma vida cujas sementes têm esse caráter, já está separada do todo no seu devir: santifica-se, como quem limpa o coração, e tudo o que dela advém se revela fruto de paz.
Veja bem: nenhuma semente destas, uma vez lançada, deixará de dar o fruto que a ela se segue, na colheita, porque Aquele que prometeu é fiel para cumprir.
Mas vale também lembrar que cada um de nós traz sementes próprias de nossa natureza adâmica: ira, maledicência, egoísmo, cobiça, infidelidade, injustiça, e uma lista interminável delas, que uma a uma, se não destruída, cairá no solo e brotará, com certeza. E então, mais uma vez cabe lembrar a exortação: “Não se deixem enganar: de Deus não se zomba. Pois o que o homem semear isso também colherá. Quem semeia para a sua carne da carne colherá destruição; mas quem semeia para o Espírito do Espírito colherá a vida eterna.” Gálatas 6: 7 e 8.