De quanto tempo dispomos em nossa fé para tratar com as coisas eternas e com o Deus Eterno que delas trata? Lemos uma orientação bíblica em Efésios 5:16 que diz: “Remindo o tempo, porquanto os dias são maus”. Como se deve remir o tempo? O significado atende à idéia de “comprar de volta” o tempo gasto em outras coisas, e fazer isso até mesmo com certo prejuízo, alguma perda, que acaba sendo inevitável.
Em que tempo de suas vidas Deus Se serviu de Abraão, Moisés, Josué, Amós e incluo entre esses ícones alguém de nossa contemporaneidade: Corrie Ten Boom? Quando estavam no limite cronológico de suas existências, e deles Se serviu ainda por longo tempo.
Qual parte de nosso tempo interessa ao Deus que é eterno?
Creio que todo ele, daí as repetidas expressões “sem cessar” e seus correlatos, encontrados nas exortações que nos faz a Palavra de Deus, e também como notas relevantes na experiência do apóstolo Paulo, em seu trato com a Igreja e discípulos individualmente. Algumas vezes esse exercício do uso do tempo nas lides da fé e com a fé se expressa com outros advérbios, como “constantemente” ou “continuamente” , para significarem o uso integral do tempo, para remir o tempo.
É notável o destaque para a orientação quanto à vida de oração: “sem cessar”. Num contexto em que os crentes de nossos dias selecionam e dividem em compartimentos o tempo para cada coisa, pensando ser este o sentido de “remir” o tempo, e assim o tempo para orar acaba obedecendo a uma agenda litúrgica, como alguns minutos pela manhã, ou no fim do dia, ou segundos à mesa doméstica de refeição, ou ainda quando nos templos; a idéia de orar sem cessar parece fora de propósito e irreal. Coisa para eremitas. Nem mesmo nossos cuidados com nossos dependentes domésticos atende a isso. No entanto, se há algo que fazemos sem cessar, é respirar e pensar. E entendo que é exatamente assim que o apóstolo pensa a oração. Como diz a canção moderna: “Este é o meu respirar. Teu Santo Espírito vivendo em mim”.
Fica ainda a questão do remir o tempo, porque os dias são maus. Acredito que os textos aqui assinalados servem para nos ensinar. E de igual maneira observo os advérbios usados, como o exercício espiritual orientado pela Palavra quando diz: “Seja isto o que ocupe o pensamento de vocês. Vamos aos textos:
“Dando graças constantemente a Deus Pai por todas as coisas, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo.” – (Efésios 5:20); “Conscientes disso, oramos constantemente por vocês, para que…” – (2 Tessalonicenses 1:11); “Dou graças a Deus, a quem sirvo com a consciência limpa, como o serviram os meus antepassados, ao lembrar-me constantemente de você, noite e dia, em minhas orações.”- (2 Timóteo 1:3); “Também agradecemos a Deus sem cessar o fato de que, ao receberem de nossa parte a palavra de Deus…”- (1 Tessalonicenses 2:13); “Orem sem cessar.”- (1 Tessalonicenses 5:17); “Por meio de Jesus, portanto, ofereçamos continuamente a Deus um sacrifício de louvor…”- (Hebreus 13:15); “Lembramos continuamente, diante de nosso Deus e Pai, o que vocês têm demonstrado…”- (1 Tessalonicenses 1:3).
Sem cessar. Constantemente. Continuamente. Tudo isso aponta para uma vida que se sabe comprometida, por fé, com Aquele cuja Palavra afirma que nos guarda sem pestanejar (Salmo 121), o que nos traz conforto. Sequer podemos imaginar o Eterno não “remindo o tempo” a nosso favor. Quando passamos a viver em Cristo, fomos incluídos na eternidade de Deus, e é esta a razão por que Sua Palavra nos exorta a vivermos com consciência de eternidade em tudo quanto fazemos.