Faz Outra Vez! | Atos de Discípulos (6)

Ao verem a intrepidez de Pedro e João, sabendo que eram homens iletrados e incultos, admiraram-se; e reconheceram que haviam eles estado com Jesus… Uma vez soltos, procuraram os irmãos e lhes contaram quantas coisas lhes  haviam dito os principais sacerdotes e os anciãos. Ouvindo isto, unânimes, levantaram a voz a Deus e disseram: Tu, Soberano Senhor, que fizeste o céu, a terra, o mar e tudo o que neles há; que disseste por intermédio do Espírito Santo, por boca de Davi, nosso pai, teu servo: Por que se enfureceram os gentios, e os povos imaginaram coisas vãs?…agora, Senhor, olha para as suas ameaças e concede aos teus servos que anunciem com toda a intrepidez a tua palavra, enquanto estendes a mão para fazer curas, sinais e prodígios por intermédio do nome do teu santo Servo Jesus. Tendo eles orado, tremeu o lugar onde estavam reunidos; todos ficaram cheios do Espírito Santo e, com intrepidez, anunciavam a palavra de Deus.” – Atos 4:13, 23-31.

Depois do milagre da cura do homem aleijado, Pedro e João foram presos pelas autoridades religiosas judaicas que tentaram intimidá-los e os proibiram de continuar a pregar a fé em Cristo Jesus. Eles declararam que não se calariam, porque não podiam deixar de falar daquilo que tinham visto e ouvido.

Esta narrativa sempre me entusiasmou por conta de enfatizar a palavra ousadia, aqui traduzida por intrepidez (4:13;30). Ousadia foi o resultado visível e contrastante quando o Espírito Santo encheu os discípulos, como recordamos anteriormente (Atos de Discípulos 2). De medrosos, que se escondiam dos judeus, levantaram-se ousados, discursando abertamente, confrontando autoridades e exortando o povo ao arrependimento, com palavras fortes de advertência. Jesus havia dito que eles estariam revestidos de poder para serem testemunhas. E poder foi o resultado daquele revestimento do Alto.

Mas é de singular notoriedade o que vemos descrito neste capítulo 4. Após o confronto com as autoridades de Jerusalém, Pedro e João juntam-se à igreja e com ela reunidos, oram. Dão graças pelos milagres realizados neles (ousadia), nos outros (a cura); pela bênção da perseguição sofrida; e fazem uma súplica, vertida em significativas palavras, cuja resposta de Deus é imediata. A súplica dizia: “agora, Senhor, olha para as suas ameaças e concede aos teus servos que anunciem com toda a intrepidez a tua palavra, enquanto estendes a mão para  fazer curas, sinais e prodígios por intermédio do nome do teu santo Servo Jesus”.

E a resposta divina imediata foi: “Tendo eles orado, tremeu o lugar onde estavam reunidos; todos ficaram cheios do Espírito Santo e, com intrepidez, anunciavam a palavra de Deus.” Exatamente o que pediram!

Qual a relevância disso para nós? Não tinham eles sido cheios do Espírito Santo, como visto em Atos 2 e isso produziu a intrepidez necessária ao testemunho, aqui vista como poder? Não estavam cheios dessa intrepidez, então, quando foram ao templo onde o milagre aconteceu? O verso 13 deste capítulo 4 não salienta que   foi com intrepidez (ousadia, poder) que Pedro resistiu às autoridades de Jerusalém, representadas por Anás, Caifás e auxiliares? Como lemos então que a resposta àquela oração da igreja reunida foi: “todos ficaram cheios do Espírito Santo e, com intrepidez…”?. Em Atos 2 lemos que eles haviam sido cheios do Espírito Santo. A nós parece que bastou o evento ali acontecido e eles estariam para sempre potencializados para fazer e acontecer. De fato, a narrativa de Atos 3 e 4 provam que estavam. No entanto, podemos traduzir a oração que fizeram posteriormente como “faz outra vez!”, ou, pelo menos: “continue fazendo!”. A resposta foi Deus renovando o revestimento de poder, como se tudo estivesse acontecendo pela primeira vez!

Duas coisas despontam para nós, discípulos da atualidade: Não devemos nos acomodar às experiências do passado como se por elas estivéssemos prontos e habilitados para sempre. A lenha queimada vira cinza, no altar. A cinza precisa ser removida para que o fogo continue a crepitar. E: necessitamos ser revestidos de novo, sempre. Ser cheios do Espírito, numa busca continuada, é o que se impõe sobre os discípulos, conforme a recomendação de Paulo em Efésios 5:18, que se traduz melhor como sendo: “deixem-se encher”.

Cabe-nos reabastecer-nos diligentemente na Fonte, rogando ao Senhor da seara, que sempre “faça de novo”, que sempre “faça outra vez”. Ele faz!