“E não somos como Moisés, que punha um véu sobre a sua face, para que os filhos de Israel não olhassem firmemente para o fim daquilo que era transitório” – II Coríntios 3:13.
De vez em quando o Espírito de Deus sopra sobre a Igreja em lugares diferentes. Nunca sobre a Igreja toda, mas em comunidades geralmente localizadas numa mesma cidade ou país. Tem sido assim ao longo da história da Igreja nesta sua era, e as razões pertencem a Deus. Cunhou-se este fenômeno pelo termo que se popularizou e até se corrompeu de seu sagrado ofício, como avivamento. Sabemos que é um recurso excepcional e não permanente, do qual o Senhor da Igreja Se serve, geralmente para levá-la de volta ao trilho.
O Brasil experimentou um despertamento assemelhado e que vários líderes reputaram por avivamento há algumas décadas. Mas o que sintomatizou para grande parcela da igreja evangélica brasileira como avivamento, não foi muito além da manifestação de fenômenos carismáticos com ênfase exclusiva na experimentação do que se preconizou como dons espirituais. Frutos positivos, semelhantes aos de avivamentos históricos, como despertamento missionário e maior consciência evangelística, procederam dele, mas em proporções modestas.
Esse despertamento de certa forma obedeceu aos mesmos critérios ou características dos que o precederam noutros países, cidades e épocas remotas no que tange a uma irrupção de êxtases e ênfases emocionais exacerbadas. Está tudo isso muito bem documentado pelos cronistas que observaram e se ocuparam em fazer o seu histórico. Como em cada um deles, houve auge e declínio. Via de regra, o declínio sofria a manipulação humana que procurava fazer prevalecer, reter ou manter aquilo que tendo cumprido seu tempo, se esvaía.
Essa tentativa via de regra busca imitar a essência replicando sua forma. Nada diferente foi o que ocorreu entre nós após o declínio desse despertamento, a despeito da insistência de seus mais afamados expositores em negar essa cessação.
Esta é a realidade que nos cerca hoje, quando vivemos em meio a uma geração que reputa ao Espírito Santo com auspícios de avivamento, formas cúlticas tão desprovidas de verdade quanto de decência e sabedoria. Inevitavelmente essas formas são “bibliciadas” a fim de adquirirem status de verdade revelacional. Enganam os incautos e os atraem pelas promessas propostas. Em nome de avivamento e com implicações sobre o Nome do Bendito Espírito de Deus comete-se atrocidades na fé, com fragorosa corrupção da Verdade Bíblica. A Palavra de Deus passou desde objeto de mercado a fonte de sustentabilidade para heresias glamorosas.
Quase a totalidade dos grupos que se prestam a esses desatinos, transformam seus atos cúlticos em espetáculos, com teatralização que peca também pela incompetência de performance de seus atores. A diferença entre esses cultos e os teatros de variedade da vida profana, reside no fato de que estes encerram a encenação, que assumem como tal, quando cai o pano, e aqueles, continuam encenando indefinidamente, mesmo quando o pano cai. Parece que o que precisa cair, para que essas vidas se dêem conta dos trilhos de erros, é o próprio palco.
Oremos nesse propósito, para que nossa confissão, às vésperas de celebrar 500 anos de história, volte a ter credibilidade. Tal como está, não dá mais.