Acima do Azul

Quando irei e me verei perante a face de Deus? – Salmo 42:2

 

Há vida além dessas nuvens que encobrem tanta luz.

Não há silêncio lá; há som de festa e alegria.

O dia não começa, nem jamais a tarde chega;

Não se aproxima a noite, nem a manhã termina.

É o céu.

E tão real e sólido é o seu cenário,

quanto o chão distante de um planeta

que brilha aqui, qual luz fugidia,

cansada do distante viajar.

Mas, lá, de onde vem, ela é mais que luz.

É mundo, é vida. Basta que a ela se chegue.

Diferente do céu, a estrela distante

só se deixa ver por lentes poderosas.

Tocá-la? Proeza pretendida.

Possível? Talvez…

Mas com certeza, à mão do empreendedor audaz.

O céu no entanto, só pelas lentes da fé.

Contudo sua visão revela a realidade bendita.

E lá está ele. É lar; é lugar para tantos

que embarcarem na nave da cruz do Calvário

quando virem o sangue da redenção,

que foi derramado para levá-los ao alto.

E quantos transitam por lá!

Festejam! Trabalham! Vivem!

Deus não é Deus de mortos! – Disse Jesus.

Estão vivos, tantos amados que creram

e foram alçados ao Céu,

pelo braço da paixão eterna do Senhor.

 

A morte vincou-lhes um semblante serenado.

Escondeu-nos a visão de suas faces

novas de prazer e glória.

Impingiu-nos a aparência da inércia

e escondeu-nos a vibração intensa do êxtase

dos remidos apossando-se do Lar.

Mas a fé nos mostra além.

Além do véu que é temporal, finito e silencioso.

A fé faz-nos ver que eles exultam,

e se esbarram e se encontram.

Que contemplam o Cordeiro,

e se quedam admirados aos Seus pés.

E então a fé desdenha a morte.

 

Há festa ali. E nós não vemos.

Mas dela sabemos que é vívida e bela;

tem som e coloridos.

Quem sabe, desfilam heróis pelo lar eterno,

em tributo ante o Trono Daquele que os conquistou?

Mas ali se encontram os lares santos.

Mães, filhos; amigos e irmãos,

Estão vibrando de alegria

porque se encontram outra vez.

E sabem que nunca mais alguma porta

fechará; nem haverá abraços de despedida.

Ali, pais, tios, primos; todos os crentes em Jesus,

sentam nas praças, correm as ruas; adentram às casas,

singram outros mares, banham-se noutros rios,

e tocam no Trono santo, um toque de gratidão.

 

Ali chegarei,

quando cessarem meus sons terrenos;

quando me fecharem os olhos

e ao pé dos meus ouvidos, humanas vozes

sussurrarem: está partindo!, eu ouvirei

o amado som: Filho, és bem vindo!,

E subirei.

Suave e rapidamente, me desprenderei.

Enquanto a face da terra cessa sua expressão

meu rosto espiritual brilha e sorri,

e minha boca diz o que nenhum ouvido mais

poderá ouvir:

Eis-me aqui, Senhor. Contigo, e para sempre!