Elogio

Nenhuma expressão de comunicação interpessoal produz benefício tão prazeiroso e gratificante quanto o elogio. Comprovadamente o elogio abre portas na comunicação, atrai e até cativa a atenção. Psicologicamente tem efeitos curativos e estimulantes.

O elogio bem orquestrado, ou seja, aquele que traz um lastro de verdade em si mesmo; que não é falácia ou bajulação; que eleva e reconhece valores reais e procedentes em situações dignas; compromete o seu objeto com a manutenção de seu discurso. Daí saber-se que uma criança nutrida com elogios procedentes, o aplauso verbalizado em cada realização bem sucedida ou que encetou a proposta feita, por menor que tenha sido, tende a desenvolver uma personalidade pró-ativa e comprometida com valores nobres em muitas áreas. Ademais, ninguém em sã consciência dispensa um elogio verdadeiro e sincero.

Quem elogia? Quem aplaude! Quem  quer estimular a continuidade de uma realização digna; quem admira, quem ama. E por aí afora.

Há desvios, no entanto: Alguns egos doentios que compram o elogio alheio, ou o induzem à força para receber aplausos imerecidos, que se revelam não mais que bajulação. A bajulação é o falso elogio. Também os que usam de elogio que se traduz em sedução, e esta tem compromisso sempre com o egoísmo, a busca por vantagens.

Mas volto à questão: Por que o elogio beneficia tanto? Ele eleva, ele consola, ele anima, ele estimula, ele gratifica, ele recompensa. É um agradecimento dado com louvor, como se levasse em palavras um troféu conferido a um vencedor de uma grande competição.

O elogio tem um caráter próprio que o explica. Em nosso vernáculo ele é apenas isso: elogio, donde deriva o verbo elogiar. Etimologicamente ele se expõe como uma diacronia do verbo abençoar, que traduz o grego “eulogia”. No grego do Novo Testamento, abençoar é elogiar; bênção é elogio.

Então me detenho pensando no texto de Efésios 1:3 – “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo que nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo.”

Estou com este texto aberto no original, diante de meus olhos. Inevitável perseguir a beleza que surge na possibilidade de uma transcrição dele alterando somente as palavras correspondentes, por seus sinônimos, e obedecendo a localização textual primitiva: “Elogiado seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos elogiou com todos os elogios espirituais nas regiões celestiais em Cristo.”

Fica fácil agora entender esta recomendação bíblica em Romanos 12:14 – “Abençoem aqueles que os perseguem; abençoem, e não os amaldiçoem”.

Simples assim: “Elogiem-nos”. E o seu oposto, amaldiçoar, ficaria: “Não falem deles aquilo que os condene”.

Também fica fácil, posto tudo isso, entender por que o Senhor Jesus quando Se comunica com cada uma das sete igrejas da Ásia Menor, em Apocalipse de 2 a 3, antes de repreendê-las merecidamente, acha nelas o que elogiar, e o faz.

Bendito seja Ele. Nós O elogiamos pelo que Ele é, fez e ainda faz.