Não removam os marcos antigos…” – Provérbios 23:10.
Palavra de sabedoria, dessas que se não observadas, redundam em consequências sensaborosas ou até mesmo com danos severos.
Faz parte da experiência humana desfazer o velho para dar lugar ao novo. Invariavelmente isto é apontado como avanço inevitável do progresso. No que respeita a espaços físicos, é óbvio tratarse de uma inevitabilidade recomendável em quase todas as situações em que se faça necessário construir algo maior e melhor, como registra a memória das civilizações de todas as épocas.
Mas, a recomendação sábia da Palavra de Deus aponta mais depressa para aquilo que entendemos como sendo os marcos da tradição que pontua a construção da sabedoria pelo acúmulo das experiências da vida de nossos antepassados. Em especial as que orbitam em torno dos valores morais.
Há marcos que precisam ser vistos como irremovíveis, dadas as funestas consequências que sua retirada carreia. Apenas para pontuar alguns deles: a autoridade dos pais no lar; os limites de velocidade no trânsito; a fidelidade conjugal; o direito do trabalhador; a inocência e o lúdico da infância; a integridade da sexualidade adulta.
Quando vemos a sociedade estabelecendo leis para fazer valer marcos antigos, sabemos que algo de muito ruim, típico de deterioração de valores, está em andamento. Mas tanto pior quando somos protagonistas da fabricação de leis novas que tentam burlar ou impor uma nova moralidade à sociedade para que uma parcela dela se beneficie contrariando padrões adquiridos e cultivados por centenas de gerações precedentes. Em especial no que tange à sexualidade, à liberação de maioridade para menores de 18 anos, e toda e qualquer lei que corteje a impunidade daquilo que outrora era reputado por imoral e inviável.
Outro tanto, atende ao “remover marcos antigos” a promoção de leis que transgridem direitos adquiridos.
Na área da sexualidade, a permissividade de acesso a imagens e produtos eróticos ou pornográficos, via internet ou outras mídias, remove os marcos que respeitam a maturação da personalidade, ainda longe na infância e adolescência, para aquisição de discernimento e capacidade de escolha. E por esta via contam os produtos que investem em estímulos à violência, ao preconceito e desrespeito interpessoal.
Quando se permite a remoção de tais marcos, não se deve lamentar nem questionar o crescimento alarmante de violência doméstica e social, como os genocídios que vemos em escolas e outros ambientes públicos, e outro tanto a gravidez adolescente, cada vez mais comum. Ou não se deve ficar surpreso, como quem pergunta: de onde isso veio ou por que aconteceu?
Tais fatalidades têm atingido nossos dias num crescendo assustador, incluindo suicídios na infância e adolescência, e homicídios perpetrados com uma frieza estarrecedora. Mas, devemos questionar o que foi feito dos marcos antigos que cerceavam a oferta de estímulos capazes de esvaziar numa personalidade imberbe e em formação, os valores da vida, sua sacracidade e pureza. Uma antiga máxima preconizava: “se lixo entra, lixo sai”, para dizer da formação de conteúdos a partir da informação recebida.
Se novas leis regidas pela sociedade vierem a ser fracas em sua proposta ou chegarem até mesmo a ser indutoras de comportamentos bizarros, ditadas pela cobiça ou perversão moral, e se prestarem a remover os marcos antigos, que nem tão antigos são, mas que permitiram às gerações que nos precederam uma vida mais ordeira e mais digna, caberá aos pais, nos lares, restabelecerem esses marcos, enquanto na construção da personalidade de seus filhos. Os marcos existem como limites e referenciais, que se desprezados trazem os motivos de perplexidade e barbarismo que nos rodeiam hoje. Pais mais próximos da vida particular e privativa de seus filhos, mais vigilantes e orientadores quanto às suas escolhas e quanto ao uso das ofertas que por liberais em excesso, não contemplam os limites da mente humana em discriminar e processar tanta informação e com tanto comprometimento contra valores da honra e da dignidade, trarão de volta, esses pais, os marcos antigos que estabeleciam que a educação dos filhos é feita dentro do lar e por seus cuidadores maiores e responsáveis.
A licenciosidade consentida e até estimulada por pais que em nome de uma filosofia liberacionista não protegem a infância que lhes foi confiada pela vida, faz deles nada menos que irresponsáveis e falhos guardiões da mente virgem de seus filhos, além de passíveis de incriminações. Para tanto temos o ECA e os centros municipais de Conselho Tutelar.
Não removamos os marcos antigos. Antes, corramos para restabelecê-los de volta, de onde foram removidos.