Fidelidade é a mais moral de todas as manifestações comportamentais humanas. Requerida em todos os amplos setores de relacionamento interpares e interpartes, desde contratos comerciais a convulações outras de acordos, passando por alianças diplomáticas internacionais, a partidos políticos e agremiações religiosas.
A fidelidade é esperada até mesmo de uma pessoa para consigo própria.
Deus requer fidelidade incontestável para com Ele nas relações humanas que têm em seu centro, Seus princípios. E para com Sua Palavra, não menos. Até o ponto de enviar pelo profeta Habacuque uma mensagem em que disse: “O justo viverá por sua fidelidade”(Hc.2:4, NVI).
Por que a fidelidade é tão requerida? Por que é tão importante? Dentre as dores que os relacionamentos humanos podem vir a produzir, nada fere mais que aquela que a infidelidade causa. Se o amor falta; se falha o exercício da misericórdia; se a paz for quebrada; tudo isso inevitavelmente produzirá dor. Mas para cada uma dessas frustrações há uma remediação eficaz, dificilmente possível no caso da infidelidade, por aquilo que ela quebra e pelo ranço que deixa de um péssimo memorial. Ela quebra promessas, votos, e com isso, frustra a esperança, daí valer a Palavra de Deus advertindo: “Não faça voto de tolo”, para dizer dos votos que não são cumpridos. Como para tudo na vida, também a infidelidade é perdoável, mas embora o perdão anule o mau afeto produzido, nada pode fazer com a memória do fato que o produziu.
A infidelidade quebra a base de sustentabilidade de toda a razão para a confiança. Ela reclama mais que um perdão, um resgate seguido de uma transformação tal no seu perpetrador, que equivalha a uma reparação onde a nova forma seja tão eloqüente que apague o eco da voz do fato antigo.
Nosso Deus é o exemplo supremo da fidelidade. Daí Sua Palavra comunicar: “Se formos infiéis, Ele permanece fiel. Não pode negar-Se a Si Mesmo”, para dizer que a fidelidade divina, antes de ser um compromisso conosco, é o caráter de Sua própria natureza imutável. E Deus é sempre fiel a Si e à Sua Palavra, daí “Fiel e Justo”. Fiel é o título atribuído a Cristo em Apocalipse. Nosso Deus não altera leis espirituais a favor dos que erram, anulando as consequências da infidelidade deles. Se assim fosse, não teria sido necessário Seu Filho subir à cruz em nosso
lugar para cumprir diante Dele toda a justiça, a nosso favor, recebendo sobre Si a punição divina pela nossa queda. Bastaria um decreto de perdão promulgado desde o céu.
Mas por ser essencialmente moral, a fidelidade não está isenta de sofrer violência, que ocorre sempre quando compromissos são descumpridos, ou quebrados. Seja entre sócios; entre o homem e Deus; entre crentes e ateus; entre ímpios e ímpios; entre cristãos e cristãos.
Infidelidades são costumeiramente cometidas quanto às coisas de Deus, sem que as pessoas se dêem conta delas( a não ser suas vítimas ), porque perdem, via de regra, o sentido de seu valor e impactos, e se acostumam ao seu mal e prática.
Infidelidades muito costumeiras, a gente ouve pela boca de vítimas nos campos missionários. Projetos inteiros, famílias inteiras, missionários individuais, homens ou mulheres, que repentinamente se vêem abandonados no campo, “esquecidos” no muito ou pouco sustento que algum outro cristão assumiu investir em sua vida, que ele ou ela pela fé traduziu como: “É meu Deus me dizendo, avança! Eu pagarei!”
Cada dia que passa fico mais pasmo, triste e por que não dizer, escandalizado, quando ouço o lamento de obreiros que no campo distante, viram-se desamparados por parte de cooperadores que “desapareceram” sem nenhuma nota de explicação (justificativa) e sem aviso prévio. De igrejas a indivíduos.
Esse tipo de infidelidade, além da perda material que gera de imediato, contribui para produzir nas vítimas, insegurança; tristeza; sensação de desvalor e de ser descartável dentro do cômputo geral das responsabilidades de seus cooperadores. E isso produz tristeza e lágrimas.
Será que Deus recompensaria a infidelidade? Não foi dEle a Palavra que disse: “Com a medida que você medir, lhe medirão de novo”? (Lucas 6:38).
Neste término de ano, lembre daqueles com quem talvez você esteja sendo infiel. A infidelidade é o mais vergonhoso pecado que a Igreja pode levar nesta vida. E a partir deste fim de ano, ponha-se atento(a) a seus movimentos na vida. A fidelidade será sempre a nota de destaque que revelará de que natureza você é. E isso vale outro tanto para toda a infidelidade que você nem ninguém poderá justificar diante de si e diante de Deus Seja Fiel!