Ele Ouve!

Salmo 139: 1-12

“Ó, Tu que escutas a oração…” – Sl. 65:2

“…Eu te ouvirei, e cuidarei de ti.” – Oséias 14:8

“Então vocês clamarão a mim, virão orar a mim, e eu os ouvirei.”

Jeremias 29:12.

Deus assume este compromisso sobre o mais fascinante mistério da experiência de fé, que é a oração. Pensar que falamos ao Deus que ouve a oração, nos leva a querer saber o que Ele ouve, quando oramos; como Ele ouve e até onde Ele ouve. Nosso texto, de onde podemos declinar respostas a estas inquirições, é o Salmo 139, e nós nos ocuparemos em achá-las nos doze primeiros versículos deste texto.

É nosso propósito que estas respostas estimulem você a uma vida de oração eficaz, para viver o que Catherine Marshal um dia chamou de “aventuras na oração,” que é título de um dos seus livros.

Portanto, se falamos ao Deus que assegura nos ouvir, convém pensar:

1- O que Ele ouve. –       vv. 1-4
“Senhor, tu me sondas e me conheces. Sabes quando me sento e quando me levanto; de longe percebes os meus pensamentos. Sabes muito bem quando trabalho e quando descanso; todos os meus caminhos são bem conhecidos por ti. Antes mesmo que a palavra me chegue à língua, tu já a conheces inteiramente, Senhor.”

Ele ouve o meu interior;

Ele ouve o meu agir;

Ele ouve o meu pensar;

Ele ouve o meu dever;

Ele ouve o meu comportamento;

Ele ouve a minha voz.

Ele é o mais completo e o único perfeito terapeuta da existência humana.

2- Como Ele ouve. –        vv. 5-7
“Tu me cercas, por trás e pela frente, e pões a tua mão sobre mim. Tal conhecimento é maravilhoso demais e está além do meu alcance; é tão elevado que não o posso atingir. Para onde poderia eu escapar do teu Espírito? Para onde poderia fugir da tua presença?”

Ele ouve pelo mover do Seu Espírito em nós. É mais que um ato indicador de Sua onipresença. É habitação interior, intimismo. Ele ouve o coração pelo lado de dentro dele, pois foi Ele quem disse que “do coração procedem todas as saídas da vida” (Provérbios 4:23). E aqui está todo o diferencial entre o cristão e o incrédulo, este, esvaziado de temor e compromisso com Deus: a morada interior do Espírito Santo, o Deus que em nós habita. Paulo afirma isto textualmente em Romanos 8: 26 e 27 – “Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza; porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira, com gemidos inexprimíveis. E aquele que sonda os corações sabe qual é a mente do Espírito, porque segundo a vontade de Deus é que ele intercede pelos santos.”

 

3- Até Onde Ele Ouve. –  vv. 8-12
“Se eu subir aos céus, lá estás; se eu fizer a minha cama na sepultura, também lá estás. Se eu subir com as asas da alvorada e morar na extremidade do mar, mesmo ali a tua mão direita me guiará e me susterá. Mesmo que eu diga que as trevas me encobrirão, e que a luz se tornará noite ao meu redor, verei que nem as trevas são escuras para ti. A noite brilhará como o dia, pois para ti as trevas são luz.”

Até as dimensões do Seu amor eterno: Efésios 3: 18 e 19. Altura, profundidade, largura e comprimento. Está tudo aqui, neste trecho do Salmo 139. Para qualquer direção que nossa vontade ou desvios escolham, Ele tem medida para ela. Ele tem rota, tem rumo.

Glória ao Seu Nome, porque Ele não se limita a ouvir quando nos elevamos, subimos. Mas também quando descemos, caímos.

Não somente se estamos aproximados, mas ainda quando nos distanciamos. Mesmo quando esse distanciar resulta de uma tentativa de elevar-nos: “Se eu subir com as asas da alvorada…” Os atraentes êxtases existenciais, que mais depressa nos afastam de Deus. E Ele ouve, tomando posição em cada um desses extremos para onde somos levados ou decidimos seguir.

E mais: se a luz que há em nós se converte em trevas, seja pecado ou mal, Ele não perde o foco visual a nosso respeito. Daí o salmo 91:7 – “Mil poderão cair ao seu lado; dez mil, à sua direita, mas nada o atingirá.” E esta metáfora: “Mesmo que eu diga que as trevas me encobrirão”, fala de nossos pretensos esconderijos, quando por razões várias sentimos que podemos nos esconder dentro do mutismo de nosso silêncio. Ele nos vê ali e pode ouvir o silêncio falar por nós.

Ele lê os lábios do coração!

Se estivermos em trevas, Ele já disse a Salomão que habitaria nelas.

O que se impõe à nossa fé sobre o conjunto destes argumentos é o que Samuel aprendeu a respeito do significado do seu nome: “Ouvido por Deus”. Todos nós, de alguma maneira somos um Samuel, por causa do Deus que nos ouve, e que o faz com atenção. E sobre tudo o que aqui foi dito, deixemos nossa fé correr livre sobre o trilho da gloriosa verdade encontrada em Efésios 3: 20 e 21, onde o apóstolo Paulo adora, dizendo: “Àquele que é capaz de fazer infinitamente mais do que tudo o que pedimos ou pensamos, de acordo com o seu poder que atua em nós, a ele seja a glória na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre! Amém!”