Oração Eficaz

NEle temos colocado a nossa esperança de que continuará a livrar-nos, enquanto vocês nos ajudam com as suas orações. Assim muitos darão graças por nossa causa, pelo favor a nós concedido em resposta às orações de muitos. II CORÍNTIOS 1:10 e 11.

 

Tiago afirmou (5:16) que ” muito pode, por sua eficácia, a oração do justo” e usou a vida do profeta Elias como exemplo e reforço de sua mensagem.

Esta é uma questão que mobiliza uma reação de duas vertentes nos crentes em geral: ou cremos que a eficácia está na oração, ou cremos que a eficácia está em quem ora, e daí partimos para um duplo erro, porque isso alimenta a falsa e cômoda idéia de sacerdotalismo, do tipo, terceirizar a oração de cujo efeito se necessita, porque alguém se sai melhor nessa função.

Mas como foi dito, é um erro de duplo aspecto.

Quando Tiago fala na oração eficaz, sua ênfase está totalmente desconectada do veículo da oração. O que ele diz é que a oração pode muito, pelos seus efeitos, daí eficaz, que funciona (literalmente: que produz resultados) e ficou longe também a idéia de conteúdo. A eficácia da oração repousa não em quem a faz, mas Naquele que a ouve.

Se a oração não funcionasse, Jesus teria nos enganado quando nos mandou orar e afirmou que nosso Pai que vê em secreto, nos ouvirá. Também, os inúmeros relatos bíblicos de resposta à oração, seriam mentirosos e outro tanto a vasta história da experiência cristã nesta área.

Pelo contrário, desde o salmista afirmando: “Ó, Tu, que escutas a oração”, aos relatos que vão de fenômenos estarrecedores, como Deus parando a rotação da terra em resposta à oração de Josué, ao relato da libertação de Pedro em resposta à oração contínua da Igreja a favor dele, temos inúmeros registros das respostas de Deus a orações específicas de Seus servos: Moisés, Daví, Ana, por seu filho ainda não gerado, etc.

E quando nos deparamos com a ênfase e a esperança de Paulo, registrada neste texto quanto à oração dos crentes, devemos parar para pensar melhor sobre a oração.

O texto em apreço nos fala da oração petitória. A ele podemos somar I Timóteo 2: 1 e 2, onde Paulo já acrescenta um novo aspecto e compromisso da oração, que é “ação de graças”.

Mas, se associarmos o texto de Mateus 6: 6-8 com I Tessalonicenses 5: 17 onde somos exortados a orar continuamente, podemos perceber que a oração não pode se reduzir a um exercício petitório no qual Deus é buscado apenas para atender e fazer. Isso jamais nos colocaria no nível do que Jesus afirmou quando disse que Deus, na qualidade de Pai, busca adoradores. As pessoas teimam em entender que adorar é cantar e orar é pedir.

A oração é antes de tudo, instrumento de aproximação do crente ao seu Deus, como mostra Hebreus 11:6. Isto serve para ressaltar, que qualquer um pode nos substituir na oração petitória (orem uns pelos outros), mas jamais naquela que nos coloca pessoalmente na presença de Deus.

Ouso pensar que a oração petitória obedece a alguns critérios, vistos na chamada oração do Pai Nosso, à primeira vista dividida em três etapas: exaltação de Deus; petição e comprometimento pessoal. Mas  a oração adoradora, a meu ver, dispensa até mesmo palavras. Tanto que Paulo nos fala daquela que “feita no Espírito” ora bem no espírito de quem ora, mas ele mesmo não entende, para falar da oração em línguas espirituais.

O grande drama do crente quanto à oração ocorre a partir do momento em que ele decide que Deus terá de atender a tudo quanto ele pede, e ato contínuo ora menos, deixa de orar ou deixa de crer, quando não obtém resposta à sua oração. É certo que Deus opera sem nossa oração, como a própria Bíblia mostra que Ele faz mais do que pedimos. Isso é inerente à Sua soberania. Mas também é certo que podemos deixar de receber se não oramos, como afirmou Tiago.

O que nos cabe fazer, é crer que Deus espera nossa oração, porque ela é antes de mais nada o instrumento que assegura e confessa nossa dependência e confiança nEle, mas jamais devemos orar com soberba, como se fôssemos senhores e não servos, porque quando invertemos esses papéis, fazemos de Deus o servo de nossas vontades e necessidades, e Ele não Se sujeita a isso. Antes, devemos orar sob o compromisso de fé nos moldes de Hebreus 4:16, e também no espírito de Filipenses  4: 6 e 7, onde fica claro que a resposta à nossa oração pode ser, antes de qualquer realização, a paz de Deus que excede todo o entendimento, e a graça que nos basta, em meio às necessidades que nos motivam o clamor.

Prefiro viver a vida de oração no padrão do que ensinou o profeta Oséias: “Conheçamos o Senhor; esforcemo-nos por conhecê-Lo. Tão certo como nasce o sol, Ele aparecerá; virá para nós como as chuvas de primavera que regam a terra” (6:3).