Legado

Tenho meditado ultimamente num precioso livro de reflexões cristãs que me chegou às mãos, da pena de um jovem pastor carioca, Daniel Guanaes, irmão muito querido na fé em Cristo. Eu disse que tenho meditado. Não lido. Meditado. Leio muita coisa. Mas no pequeno livro do Daniel parei em meditação. O título: “ENSAIOS SOBRE O REINO”.

Meditando numa de suas páginas, fui detido pela informação de que o significado do nome do pai da Ana profetiza que aparece no Evangelho de Lucas quando do nascimento de Jesus, era “face de Deus”. Fanuel, face de Deus. O autor do livro coloca que Ana passou toda a infância ouvindo que Deus tem face. Então fui impactado por uma conscientização profunda: pensei naquela Ana criança discutindo com outras crianças que sabia que Deus tem face, tem cara, porque o nome do pai dela era uma afirmação segura disso.

Lembrei de minhas três filhas, que cresceram ouvindo histórias de Deus pela boca de seu pai, em casa e nos púlpitos das igrejas. Pensei na hipótese de que elas tiveram muitas informações para passar a seus coleguinhas sobre esse Deus de Quem tanto ouviram por boca de seu pai. Senti inveja de Fanuel por causa da mensagem que seu nome leva, sem abrir a boca, e me dei conta de que eu queria ter tido mais que histórias de Deus a oferecer a
minhas filhas, e mais que um nome com uma mensagem. Pensei que eu poderia ter tido a cara de Deus, para elas. Quê legado!

Não deu, por certo. Também continuo não tendo um nome-mensagem. Mas lembro da personificação de Deus por Elias, profeta, de tal ordem que seu discípulo Eliseu quando se viu tendo de tratar diretamente com o Deus sobre quem aprendeu com seu mestre, após sua ausência, não hesitou em dar-lhe por sobrenome o nome dele: DEUS DE ELIAS! E pensei, em busca de autoconsolo: ainda dá tempo. Também porque Fanuel comunica ao mesmo tempo: presença de Deus, semblante de Deus, numa mesma expressão. Se não dá para ter a cara de Deus, pouca coisa não será poder manifestar Sua presença. Se não para as filhas, quem sabe para os netos que um dia hão de vir. Afinal, esta é a proposta do Evangelho: “Cristo em vós, a esperança da glória” (Colossenses 1: 27). E a promessa continua para dizer que um dia todos os que Nele confiam terão a Sua cara, quando anuncia: “Tal como Ele é, seremos” (I João 3:2).