“…as Tuas obras são admiráveis e a minha alma o sabe muito bem”. – Salmo 139:14
Este mesmo poema reveste-se de uma vestimenta mais rica na linguagem da versão da Bíblia de Jerusalém onde se traduz : “Eu Te celebro por tanto prodígio, e me maravilho com as Tuas maravilhas!”
Isso é belo!
O salmista conhecia com muita propriedade o operar maravilhoso de Deus. Cogitava dessas coisas e se ocupava delas. Meditava nelas. No Salmo 107 repetidas vezes o crente fala nas maravilhas de Deus a favor dos filhos dos homens. No Salmo 119 ele menciona as maravilhas que encontra na Lei. É bem verdade que em certa ocasião o salmista diz não andar à cata de coisas maravilhosas demais para ele, mas esse pensamento por si só não desfaz o fato de que o nosso Deus é realizador de coisas maravilhosas. Mas nem por isso a abundante referência bíblica das maravilhas de Deus favorece um cultuar de maravilhas ou a procura delas, que por sinal, por mais assombrosas fossem nos tempos bíblicos, não eram irracionais ou desprovidas de propósito e inteligência. Deus não necessita que Lhe atribuam fenômenos, para ser crido como autor deles. Menos ainda que se atribua fenômenos divinos a coisas despropositadas ou que fujam à imediata apercepção inteligente.
Mas é fato que servimos ao Deus maravilhoso! O Deus que opera; que credita e realiza milagres. E estou de pleno acordo com o salmista quando assume no Salmo 139 que a criação do homem está entre os maiores assombros e a criação do homem indivíduo é maravilhosa. Estou certo de que Deus crê na “coisa” maravilhosa que fez, ao nos criar individualmente, e ao propiciar os meios para virmos à existência. Gosto muito de ler na tradução atualizada da Bíblia o registro do Salmo 139: 16 como sendo: “Os Teus olhos me viram a substância ainda informe…” porque vou um tanto além para pretender que o salmista diria ali: “Tu me viste um Daví, o rei, quando eu era uma substância ainda informe…”
Sendo nós uma maravilha criada, por que não esperar que de forma maravilhosa Aquele que nos chamou à vida, continua a tratar e cuidar de nossas vidas?
Deus opera maravilhas. O crente não pode (respeitados os limites da sensatez e coerência) viver e adorar, abdicando do fator milagre ou do maravilhoso no seu Deus. Outro tanto não é facultado ao adorador a pretensão de estabelecer o milagre, forma e hora para acontecer. Um deus “domável” não é Deus. Um deus buscado apenas por Seus efeitos não recebe adoração em espírito e em verdade. Nosso Deus não necessita de bajuladores.
As intervenções divinas em nossa história pessoal são factíveis. E parecem obedecer sempre a esse critério: intervenções. Ele é o Deus dos milagres, o operador de maravilhas ou coisas maravilhosas. Aquele grupo de realizações que transcendentais em sua causa e temporais em seu efeito, assomam na vida do crente provocando-lhe quebrantamento, gratidão, reverência, porque divinas: a resposta surpreendente a uma oração; o próprio atender à oração proferida; o transformar de uma situação sinistra; a recuperação de uma vida humana estragada; uma cura; um livramento; uma orientação segura em meio ao caos; um toque da presença divina, arrebatadora e atraente, num louvor, na oração, no adorar.
São tantas as formas e tão inúmeros os meios pelos quais Ele pode agir e surpreender a fé!
E milagre se constitui ainda em tudo aquilo que vai além do expectável, como Ele prometeu: “Acontecerá então que antes de me invocarem, eu já lhes terei respondido; enquanto ainda estiverem falando, eu já os terei atendido” (Isaías 65:24) e: “Aquele, cujo poder, agindo em nós, é capaz de fazer muito além, infinitamente mais além de tudo o que nós podemos pedir ou conceber…” (Efésios 3:20)
Está difícil? Espere um milagre! Ele opera com padrões do infinito. “No teu Deus espera sempre…” – Oséias 12:6.