Intimismo Divino

“Como tenho saudade dos meses que se passaram, dos dias em que Deus cuidava de mim…Como tenho saudade dos dias do meu vigor, quando a amizade de Deus abençoava a minha casa.” – Jó 29:2 e 4.

Esta linguagem que expressa uma experiência colocada no vazio de um saudoso passado, aponta uma possibilidade oferecida à fé, que pode ser vista,  pelo  menos, em dois textos que devem cativar nosso interesse espiritual: “Cheguem-se a Deus e Ele Se chegará a vocês”(Tiago 4:8), e: “Aproximemo-nos, com sincero coração”(Hebreus 10:22). Pois falam de uma proposta intimista, impossível ao homem comum imaginar, na relação pessoal do homem com seu Deus, por meio de Cristo Jesus. No entanto, foi o que nos ofereceu Jesus, e também podemos visibilizar isto em dois textos que registram Sua fala: “Quantas vezes eu quis ajuntar teus filhos, como a galinha ajunta seus pintainhos sob suas asas”(Mateus 23:37); e: “Entra no teu aposento e fala em secreto com teu Pai. E teu Pai que está em secreto, te recompensará” – Mateus 6:6.

Outro tanto, além de Jó, temos o registro dessa possibilidade sublime, na súplica de Daví, no salmo 57:1 – …“pois em ti a minha alma se refugia. Eu me refugiarei à sombra das tuas asas, até que passe o perigo.” Belíssimo. Do mesmo nível da promessa que afirma: “Aquele que habita no abrigo do Altíssimo e descansa à sombra do Todo-poderoso pode dizer ao Senhor: “Tu és o meu refúgio e a minha fortaleza, o meu Deus, em quem confio”. – Salmos 91:1-2.

E tudo isso nos aponta a possibilidade de um intimismo com Deus, possível ao  que O ama, ao qual Ele Mesmo nos convida, como expressa o salmo 25:14 – “A intimidade do Senhor é para os que o temem, aos quais ele dará a conhecer a sua aliança.”- Salmos 25:14 ARA.

Jó lamenta a perda desse intimismo, conforme ele supunha haver perdido, e indo na direção inversa do seu lamento, podemos alinhar alguns pontos de excelência dessa experiência, ou seja, os resultados que ela produz, dos quais ele sentia saudade. Isso para nos conscientizarmos do que podemos viver pela fé, quando vivendo em intimismo com Deus. Ao mesmo tempo, uma vez crentes veteranos, consciência do que provavelmente estamos perdendo.

Quero salientar cada um deles aqui, apontados em seu lamento no capítulo 29 do seu livro:

Efeitos internos 
  • “…dias em que Deus cuidava de mim,” Paulo usa desse verbo para significar do cuidado de Cristo pela igreja, em Efésios 5. Pedro afirma: “Ele tem cuidado de vocês”.
  • “ …a sua lâmpada brilhava sobre a minha cabeça e por sua luz eu caminhava em meio às trevas!” Lembram: “porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus.” – Romanos 8:14.
Efeitos externos: 
  • Honra pública: “Quando eu ia à porta da cidade e tomava assento na praça pública; quando, ao me verem, os jovens saíam do caminho, e os idosos ficavam em pé; os líderes se abstinham de falar e com a mão cobriam a boca.”- vv7-9;
  • Vida de santificação: “A retidão era a minha roupa; a justiça era o meu manto e o meu turbante.”- 14;
  • Frutos da Sabedoria: “Os homens me escutavam em ansiosa expectativa, aguardando em silêncio o meu conselho. Depois que eu falava, eles nada diziam; minhas palavras caíam suavemente em seus ouvidos. Esperavam por mim como quem espera por uma chuvarada e bebiam minhas palavras como quem bebe a chuva da primavera.” 21-23;
  • “Era eu que escolhia o caminho para ..”(v.25) – Isto nos lembra: “O justo é um guia para o seu companheiro”.

Há algo mais que Jó nos ensina como fruto de uma vida íntima com  Deus: “quando o Todo-poderoso  ainda estava comigo…” – A companhia de Deus vista  em Seu poder. Jeremias fala disso quando diz: “O Senhor está comigo como valente guerreiro” (20:11). Mas a ênfase recai sobre a sentença “estar comigo”. Companhia. Companheirismo. A maior expressão de bênção que a Graça  promete. A fé que não nos move a este desejo, nem pretenda levar-nos até aí, é vazia em todos os sentidos. Mas somos convidados a chegar a esse nível de vida de comunhão. Menos que isso é desperdício.