A Um Nível Mais Profundo

“Então, que farei? Orarei com o espírito, mas também orarei com o entendimento; cantarei com o espírito, mas também cantarei com o entendimento.” – 1 Coríntios 14:15

Já há algum tempo surgiu entre nós um cântico que em forma de súplica diz: “Leva-me além: a um nível mais profundo de intimidade Contigo, ó Senhor”. Belo no propósito e na proposta. Sempre que o ouço ou o entoo, inevitavelmente penso na profecia de Ezequiel 47, em que via a si mesmo seguindo um homem que entrava pelas águas e avançava a níveis mais profundos a cada 500 metros de caminhada; e isso vezes sem conta me provocou uma associação com a vida cristã, em que podemos e devemos desejar ir a um nível mais profundo. Daí o texto quem encima esta reflexão, pois que ele nos diz que há um nível mais profundo.

Durante décadas batalhas hermenêuticas e apologéticas foram travadas entre líderes cristãos e teólogos sobre o texto de I Coríntios 14 onde o apóstolo ocupa-se em por ordem no culto da igreja de Corinto quanto ao uso das manifestações espirituais, e sobre estes argumentos apostólicos dividiu-se a igreja na aplicação textual ou desapropriação textual dos temas de I Coríntios, na tríade formada pelos capítulos 12, 13 e 14.

Posicionaram-se em trincheiras bélicas pentecostais e não-pentecostais para afirmarem suas conceituações.

Hoje me volto ao texto para pensar no fato que, com ou sem manifestações espirituais nele pretendidas, sejam elas a validade ou invalidade de línguas espirituais (o assunto em questão), Paulo nos aponta um exercício da fé, eivada em culto, que transita por níveis mais profundos. Qualquer que seja nossa forma de ver a contemporaneidade ou não dos fenômenos apontados nesta carta apostólica, imperioso é dar-nos conta de que neste argumento conclusivo de seu pensamento, o apóstolo aponta dois níveis de espiritualidade prática, que diferem, os quais chama de “com o espírito” e “com o entendimento”. Qualquer que seja a atribuição que façamos ao lugar que um ou outro ocupa, deparamo-nos com o fato inegável de dois níveis possíveis e diferenciados.

Isto posto, podemos partir para opções particularizadas conforme as tendências e exercícios da fé, por cada um, mas jamais conseguiremos invalidar esta premissa: há níveis diferenciados, onde um se sobrepõe ao outro, e se jungem para formar uma espiritualidade sadia e aprovada.

Então resulta que nosso coração deve atender a essa proposta: orar e cantar com o espírito e com o entendimento. Volto a dizer: não obstante a interpretação que atribuamos a uma ou outra forma de cultuar ou adorar ao Senhor,estamos em face de dois níveis diferenciados, e por força do argumento exortativo do apóstolo, convém darmos espaço a eles em nosso serviço de fé.

Fica então a questão: por onde vai nossa vida espiritual no tocante a orar e cantar ao Senhor? Em que nível estamos situados? Se o fazemos com o entendimento; quando o fazemos com o espírito? Se o fazemos com o espírito; quando o fazemos com o entendimento? Perceba: a questão levantada não se prende ao “como” mas “quando”.

E se devemos pautar toda nossa vocação cristã por essas duas vias, em quais áreas elas se fazem sentir, perceber? Em que nível estamos servindo? Em que nível você tem servido? Em que nível estamos vivendo nosso cotidiano de filhos de Deus?

Leve isso, com sinceridade, diante do Senhor de sua vida. Há um nível mais profundo, onde devemos entrar e permanecer nesta carreira com Cristo.

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