Grumixamas

Quando eu era menino, havia no pomar da casa de meus pais um pé de grumixama que era minha maior alegria. Quem leu “Faça-se Luz!” pode conferir.

Cresci e nunca mais vi minha árvore de frutinhas deliciosas. Cheguei a ver dois outros, grandes, em lugares diferentes na vida adulta, numa fazenda e num sítio, mas fora da época de frutificação, e então isso serviu apenas para fustigar a saudade. Até o aroma das frutinhas eu restaurava na memória.

Há dez anos um homem passou em Analândia me oferecendo uma muda. Comprei, plantei, e há três anos tenho minha alegria renovada. 

Hoje minha grumixameira tem cinco metros de altura. Eu a podei no devido tempo e adubei com cinzas de meu fogão à lenha (“Meu amigo tinha uma vinha na encosta de uma fértil colina.Ele cavou a terra, tirou as pedras e plantou as melhores videiras…” – Isaías). Em todo mês de novembro ela floresce e depois transborda de frutos, sempre em novembro (“É como árvore plantada à beira de águas correntes: Dá fruto no tempo certo…” – Salmos 1 ). Como ela cresceu, este ano transbordou de frutos como nunca antes (E dá fruto a cem por um… – Lucas). As partes mais altas são para deleite dos passarinhos: sanhaços, sabiás, bentevis, pardais e há poucos dias até um enorme tucano. As partes baixas são nossas. Ela projeta bela sombra (“…cresceu e se tornou uma árvore, e as aves do céu fizeram ninhos em seus ramos” -Lucas). 

Nada se compara ao prazer de aguardar ano a ano o mês de novembro, ajustar a agenda para estar em Analândia na segunda quinzena, me aproximar da árvore da minha infância e me deleitar com seus frutos! (“Se alguém permanecer em mim e eu nele, esse dará muito fruto”- João). 

Hoje, junto à minha grumixameira, orei agradecido por tão singular resgate de um doce deleite infantil, e pensei em meu coração quão grande deve ser o desejo do Pai Celeste em encontrar meus frutos por Ele pretendidos e buscados periódicamente, durante as estações de minha história de vida e na vida. 

VOCÊS NÃO ME ESCOLHERAM, MAS EU OS ESCOLHI PARA IREM E DAREM FRUTO, FRUTO QUE PERMANEÇA… – João 15:16.