Jacó partiu de Berseba e foi para Harã. Chegando a determinado lugar, parou para pernoitar, porque o sol já se havia posto. Tomando uma das pedras dali, usou-a como travesseiro e deitou-se. E teve um sonho no qual viu uma escada apoiada na terra; o seu topo alcançava os céus, e os anjos de Deus subiam e desciam por ela. Ao lado dele estava o Senhor, que lhe disse: “Eu sou o Senhor, o Deus de seu pai Abraão e o Deus de Isaque. Darei a você e a seus descendentes a terra na qual você está deitado. Seus descendentes serão como o pó da terra, e se espalharão para o Oeste e para o Leste, para o Norte e para o Sul. Todos os povos da terra serão abençoados por meio de você e da sua descendência. Estou com você e cuidarei de você, aonde quer que vá; e eu o trarei de volta a esta terra. Não o deixarei enquanto não fizer o que lhe prometi”. Quando Jacó acordou do sono, disse: “Sem dúvida o Senhor está neste lugar, mas eu não sabia!” Teve medo e disse: “Temível é este lugar! Não é outro, senão a casa de Deus; esta é a porta dos céus”.” – Gênesis 28:10-17
Não posso ler esta solene e histórica declaração de Jacó sem pensar na afirmação de Hebreus 3:6 quando diz que nós é que somos a casa de Deus.
A declaração de Hebreus é mais que solene. Não tivesse o poder profético de Palavra de Deus, eu diria que ela é ousada ou mesmo pretensiosa, ao afirmar que os crentes são casa de Deus. Mas não se trata de ousadia ou pretensão. A Igreja é o Corpo de Cristo, e somos declarados templo no qual Deus habita em Espírito, cada um de nós. Isso nos estabelece de fato como casa de Deus.
A ideia de pretensão surge quando associamos a essa metáfora a declaração de Jacó, que aqui entra como uma definição da casa de Deus, que nos alcança e compromete como igreja, pessoas cristãs, de forma direta e irretocável.
A experiência de Jacó se resume num sonho profético do qual Deus Se serviu para Se comunicar com ele. E foi quanto bastou para Jacó concluir
que aquele lugar equivalia para ele como a casa de Deus. A declaração era a capitulação dos sentidos a uma lógica: “se Deus está aqui e aqui Se manifesta, fala e toma decisões, então este lugar é a casa de Deus”. Também porque ali ele pôde ver anjos em intenso movimento, indo e vindo. Outro tanto havia essa visão de escada que servia de estrada aos anjos, no percurso entre a terra e o céu. Tudo era de fato sobrenatural, ou sobre- humano. Mais que a visão, no entanto, foi a palavra-promessa de Deus que deu a Jacó o êxtase ou ápice da bênção.
Mas, no que isso nos importa?
No tanto quanto a conclusão de Jacó significa. O que nos leva a uma questão: o que fez com que Jacó concluísse que a casa de Deus lhe era por porta dos céus? Mais que isso. Se a casa de Deus pode ser tida por porta dos céus, por conseguinte nós devemos também ocupar tamanho status? Teria Deus tal propósito quando decidiu que os que creem no Seu Filho sejam reputados por casa de Deus?
É então que devemos observar o que acontecia ali para levar Jacó a chegar a tal comparação conclusiva.
1- Presença perceptível de Deus ali “O Senhor está neste lugar”. Quanta diferença faz! Como muda tudo!
Não fala de coisas alusivas a Deus. Evidencia Sua presença.
E por conseguinte:
2- A Voz divina se faz ouvir
“Ao lado dele estava o Senhor que lhe disse…”
E de que fala essa voz?
Traz promessa de segurança; proteção divina; fidelidade divina.
Edifica, exorta e consola. É um novo idioma, porque há novo conteúdo.
3- Há algo sobre-humano ali
Anjos que sobem e descem. Isto nos lembra Hebreus 1:14 e Salmo 91:11.
Escada da terra ao céu (acessibilidade). Um intercurso entre o terreno e o celestial, entre o humano e o divino.
Seria natural pensar que a conclusão de Jacó fosse que aquele lugar era casa de Deus e pronto. Mas ele viu mais que isso. Viu ali uma porta do céu, uma vitrine, antevisão de coisas celestiais.
Se nós somos a casa de Deus, percebe quanto estamos comprometidos em sermos essas vias pelas quais os que nos contatam possam concluir de igual maneira? Como você se vê nessa visão?