O Crente o Zodíaco

Em pleno século XXI ainda nos deparamos com cristãos que se deixam arrastar e influenciar por superstições de cunho pagão e ocultista.

O zodíaco com os prognósticos do cotidiano é tão popular através da lábia dessa miríade de astrólogos e astrólogas infestando a mídia que até mesmo crentes incautos dão-lhe atenção e se permitem influenciar.

A origem do zodíaco remonta ao tempo em que a astrologia estava fundida à astronomia. Tão antiga que traz registros do século XIII a.c. Muito influente em especial entre os caldeus do sétimo século a.c., ela prevaleceu como ciência mística, que se servia também dos conceitos da matemática, e como ciência prevaleceu até o século XVII de nossa era, ao tempo de Kepler, a partir de quem dela se separou a astronomia, deixando- a confinada à observação da suposta influência das estrelas sobre a vida e o cotidiano dos seres humanos, desde o nascimento de cada indivíduo. E como consequência, com “previsão” de desdobramentos quanto a eventos históricos.

Ao tempo dos caldeus, a astrologia era uma arte muito desenvolvida e em alta, patrocinada pelos soberanos das civilizações. Ainda os césares romanos tinham nela sua carta-consulta para agendar suas guerras. Os caldeus (cujo termo se tornou genérico para astrólogos), então cumpriam um papel correlato ao dos profetas dos dias dos reis de Israel, com a abissal lacuna de que aqueles se serviam da adivinhação, enquanto estes, do Espírito de Deus que sabe todas as coisas.

Não sei explicar o que se passa na cabeça de crentes que consultam ou dão crédito à consulta aos astros, além da necessidade de ter visibilidade prévia de seus atos e decisões, em substituição à fé e à esperança (e à Verdade!), mas sei com certeza, que trilham por uma via pagã, eivada de erros e de acesso franqueado aos agentes das trevas.

Nos anos 1970, em Niterói, RJ, surgiu entre os evangélicos uma falsa profetiza que arrastou ao erro muita gente com sua elaboração do horóscopo bíblico. Hoje encontramos alguns filhos de Deus incluindo em seu vocabulário uma terminologia aproximada quando falam em “alto ou baixo astral”.

No mínimo pode-se dizer quanto aos que se deixam levar, que acreditam em sortilégios e na suposta influência dos corpos celestes sobre seus próprios destinos. Se não for uma forma mais “elevada” de animismo, isto não passa de paganismo puro e simples. Obscurecimento da fé pela superstição.

O fato de termos uma narrativa bíblica apontando astrólogos que pela visão de uma estrela deduziram que um rei estava nascendo na Judeia (Mateus 2), em nada valida tal prática como verdadeira ou aprovada por Deus. Vale lembrar que Deus Se serviu de instrumentos nada apropriados para Se comunicar, ao tempo em que o Seu Espírito ainda não habitava na Igreja, para comunicar Sua vontade. Até uma mula foi usada para advertir um profeta, que sendo falso profeta, por sua vez foi usado por Deus para proferir verdades acerca de Israel: Balaão. Isso não resultou em culto às mulas nem fez delas oráculos divinos em nenhuma seita do mundo, nem depois, nem hoje. Acresça-se o fato que, no que tange aos astrólogos dos dias de Cristo, a narrativa bíblica deixa claro que a tal estrela avistada, era um recurso sob controle e serventia de Deus, que Se imiscuiu assim nas lides daqueles homens para Se comunicar. A estrela em foco, foi uma aparição provocada e sob controle divino. De valor semelhante à pomba que sobre Jesus desceu, no Seu batismo, para sinalizar sua autenticidade divina, vista e tida como uma teofania atribuída ao Espírito Santo.

Deus Se revelou em sonhos a pagãos como Faraó, Nabucodonozor, a mulher de Pilatos e até mesmo aos astrólogos quando retornavam de Belém para sua terra, e desta feita não olharam para as estrelas a fim de terem uma direção. Nem por isso nenhum deles foi estabelecido como oráculo divino nem suas práticas religiosas validadas.

A astrologia, com toda a sua pretensão científica ancorada nos primórdios de sua história, e em especial no seu reducionismo de zodíaco ocidental ou oriental, não passa de um sistema pagão, enganoso, do qual as trevas podem se servir para manter sob cativeiro de superstição aqueles para quem a fé e a Palavra de Deus não são suficientes à sua experiência espiritual.

Há uma palavra específica de Deus, condenatória, acerca da astrologia de que se servia Babilônia e seu povo, onde Ele a equivale à feitiçaria, e ela nos serve de alerta e convite ao temor ao Seu Nome:

“Continue, então, com suas palavras mágicas de encantamento e com suas muitas feitiçarias, nas quais você tem se afadigado desde a infância. Talvez consiga, talvez provoque pavor.
Todos os conselhos que você recebeu a deixaram extenuada! Deixe aos astrólogos se apresentarem, aqueles fitadores das estrelas que fazem predições de mês a mês, que eles a salvem daquilo que está vindo sobre você; sem dúvida eles são como restolho; o fogo os consumirá. Eles não podem nem mesmo salvar-se do poder das chamas. Aqui não existem brasas para aquecer ninguém; não há fogueira para a gente sentar-se ao lado.
Isso é tudo o que eles podem fazer por você, esses com quem você se afadigou e com quem teve negócios escusos desde a infância. Cada um deles prossegue em seu erro; não há ninguém que possa salvá-la.” – Isaías 47: 12-15.

 

Sem Chance

Era Daví um jovem tenro, inexperiente em batalhas, destreinado nas artes da guerra, habituado à passividade da vida campesina, tocando ovelhas nas campinas. A vida lhe depara um monstro filisteu, gigante em seus quase três metros de altura, diante de quem o tenro rapaz parecia metade de gente, desarmado, ao passo que o filisteu, de alto a baixo protegido por couraça, trazia armas capazes de despedaçar os mais treinados oponentes. Daví, com pedras nas mãos e nada mais, confronta-se com ele para duelar em campo aberto. Sem chance.

Josafá, rei de Israel, foi informado de que três exércitos inimigos marchavam contra sua cidade, poderosos e sedentos de conquista, devidamente reforçados por mercenários que matavam pelo lucro. O rei passa em revista seu exército: nenhum soldado. Homem algum com uma arma na mão. Apenas um bando de homens vestidos de linho, os sacerdotes de Deus, em cujas mãos a única arma eram instrumentos de sopro, suas trombetas de prata. Partiram em direção ao mar de homens de guerra, em campo aberto. Sem chance.

O tremente Gideão com apenas trezentos homens armados de espada, trombeta e botijas de barro, sai para enfrentar 135 mil invasores midianitas montados em seus camelos, armados e prontos para devastar terras e homens. Sem chance.

O velho Pedro, apóstolo, preso à parede por algemas e correntes, no fundo de uma prisão real, vigiado por dezesseis soldados insones e armados, aguardava o raiar da manhã para ser levado à morte pela espada de Herodes, o rei. O único livramento seria fugir altas horas da noite. Sem chance.

O que poderia esperar Moisés, guiando um milhão e seiscentos mil homens sem armas, os quais ainda tinham de auxiliar mulheres, idosos e crianças, tocar o gado e empurrar carroças, quando um exército incontável e ágil de egípcios surge-lhes em perseguição assassina, e a rota de fuga possível, sem contar os percalços da corrida, acabava nas águas da praia? Sem chance.

O que poderia Elias, profeta, sem opulência nem patrocínio, diante da exibição de religiosidade ajaezada com pompa e circunstância, patrocinada pelo poder público, convincente por seu aparato como representante de um deus verdadeiro, ao passo que ele nem vestes sacerdotais trazia para pregar a realidade de um Deus Vivo que vivia oculto, sendo ele só e incógnito? Sem chance.

O que podiam esperar Paulo e Silas, missionários, lançados ao fundo de uma prisão de segurança máxima, costas lanhadas por chibatas e pés trancafiados em troncos, tendo como um único destino condenação e execução? Sem chance.

Todavia, cada um deles, em cada circunstância, conhecia a solene e infalível verdade que apregoa: “Mas o Senhor está comigo como forte guerreiro. Por isso tropeçarão os meus perseguidores e não prevalecerão” (Jeremias 20:11). Portanto, sem chance para Golias, para os amalequitas, midianitas, sentinelas herodianas, soldados de Faraó, quatrocentos profetas de Baal, ou prisão escusa em Filipos. Sem chance para vencer Aquele que batalha pelos que Nele confiam. Sem chance para os que O desafiam e que perseguem Seu povo, sem saber que quem nesse povo toca, toca na menina dos olhos de Deus.